terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)

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Hoje vamos conversar sobre algo que nos interessa e muito: Educação!


Sabemos que a educação é um direito de todos, garantido por lei. Esta dever ser de qualidade e igualdade para todos. Mas nem sempre é o que ocorre, pois vivemos em um país misto em suas culturas, regiões, e distribuição de renda.

Existem lugares que possuem escolas com bons índices, boas estruturas e estão sempre na linha de frente do modelo de educação. Geralmente é uma guerra, literalmente, para conseguir uma vaga nessa escola, pois todos querem garantir que seu filho estude na melhor escola da região. O que faz as diferenças nas escolas? O que faz suas semelhanças?

Bom, para iniciarmos nossa conversa, devemos entender que nenhuma escola é igual a outra, mas todas possuem algo em comum. Não é igual porque os investimentos que uma recebe, nem todas recebem o mesmo. Os projetos que umas realizam, nem todas o fazem da mesma forma, e isso se deve ao seu Projeto Político-Pedagógico (PPP). Simplificando: PPP é a identidade da escola, a maneira como ela decide fazer a gestão da sua instituição, as suas políticas internas, suas qualidades, diferenciais, sua maneira de “ser escola”. Cada escola tem o seu PPP, por isso cada uma tem seu jeito de fazer a coisa acontecer. Mas porque toda escola ensina Biologia e Física como disciplinas separadas a partir do ensino médio? Porque toda escola trabalha com disciplinas similares, a mesma metodologia de avaliação, porque temos um padrão nas escolas? Isso já é questão de organização, de normas e regras para se cumprir. Esses padrões são estabelecidos pela Base Nacional Comum Curricular e Parâmetros Curriculares Nacionais.

Imaginemos que cada escola, após elaborar seu Projeto Político-Pedagógico, fosse livre para fazer o que bem entender? Os alunos iriam se perder em meio a tanta desordem. Se alguém mudasse de escola? Teria que se adaptar ao PPP da nova escola em poucos dias, levando em conta que o aluno está na 4ª série do ensino fundamental, na escola antiga ele ainda estava aprendendo Português e Matemática básica, mas na nova escola, na 4ª série os alunos já são capazes de redigir um texto de 20 linhas com parágrafos e fazem contas de multiplicação e divisão sem nenhuma dificuldade. Seria um tanto complicado, tanto para os professores quanto para os próprios alunos, que sentiriam essa mudança como um choque de realidade toda vez que mudasse de escola. Daí em diante, começaria um efeito dominó e teríamos maiores índices de evasão, repetentes, desistentes e algumas escolas teriam muita procura e pouca oferta e outras teriam pouca procura e muita oferta. Superlotação de salas atrapalha o rendimento da aula, bem como algumas escolas teriam que fechar as portas por falta de aluno.

Pensando em todas essas possibilidades, um documento chamado Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi criado, com intuito de universalizar a educação, estabelecendo parâmetros essenciais e indispensáveis para a melhoria da educação brasileira.

  • O que é BNCC?


É um documento que sistematiza o conteúdo que será trabalhado ano a ano na educação básica, ou seja, o que os alunos daquela determinada série deverão aprender em sala de aula durante o ano letivo. Esses parâmetros são determinados independentemente do local onde moram e da escola que estudam, incluindo escolas da rede pública e particular de ensino, abrangendo desde a educação infantil até o ensino médio.

Tudo que está incluso no documento é definido de forma colaborativa e democrática, contando com atualização de versões sempre que necessário. Importante ressaltar que a BNCC orienta sobre o que ensinar, e não como ensinar, portanto, cada escola pode se flexibilizar de acordo com seu PPP. Porém, seguir este documento será obrigatório em todos os currículos das escolas públicas e particulares do país, bem como, todos os materiais didáticos devem ser modificados para se adequar à Base a partir do vigor da sua implementação.  

Podemos concluir que a BNCC estabelece parâmetros nacionais para igualar a educação e anular a desigualdade existente no nosso pais, ou seja, uma criança de 3ª série de uma escola pública deve aprender a mesma coisa que uma criança da 3ª série da escola particular. Na teoria isso funciona, mas na prática sabemos que não é bem assim, porém, dessa forma é possível reduzir significativamente as diferenças existentes relacionadas ao conteúdo abordado em cada série e em todas as escolas do país.

  • O que é PCN?


 Basicamente, os Parâmetros Curriculares Nacionais têm a mesma influência que a BNCC sobre o sistema de ensino, ou seja, atribui referências de qualidade para a educação, só que de maneira mais específica e por área de conhecimento.

 O PCN foi elaborado visando reduzir o índice de evasão e aumentar a satisfação do aluno com o trabalho realizado pela escola e com o objetivo de melhorar a qualidade de ensino. Um diferencial é que não possuem obrigatoriedade e podem ser flexíveis de acordo com a localidade da escola que o segue. Na realidade, PCN funciona como uma referência para a elaboração dos currículos escolares, apontando o que seria o mínimo e o máximo de conteúdo para serem ministrados por disciplina e garantir assim uma educação de eficiência e de igualdade de privilégios para todos, independentemente do seu estado, tipo de escola, classe social e outros divisores sociais a mais.

Segundo os próprios PCN, seu objetivo principal é de:
 [...] compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças sociais, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito (BRASIL, 1997a, p. 7).

Agora que entendemos o que são e quais os objetivos gerais desses parâmetros nacionais de educação, podemos fazer uma análise crítica sobre os mesmos. Afinal, é bom ou não é para a nossa educação?

A ideia de uma Base curricular é contraditória, pois o Brasil não tem infraestrutura suficiente para tal, porque as escolas são desiguais, desde o salário dos servidores até a estrutura física da escola e os equipamentos utilizados nela. Uma grande crítica à BNCC surge no ensino médio, já que nessa etapa, o conteúdo é voltado principalmente para vestibulares de ingresso na faculdade, então, educadores temem que esse parâmetro da BNCC seja um nível abaixo do esperado para ter bons rendimentos nos exames. Os PCN não seguem o mesmo caminho de críticas devido a sua flexibilidade e não obrigatoriedade.

Entrando em um âmbito mais particular da minha realidade, após vermos os cenários prós e contras, analisando a aplicabilidade da BNCC no município de Maracanaú, podemos concluir que é um processo benéfico. Em Maracanaú as escolas são similares em estruturas e gestão, apenas com algumas particularidades. O PCN pode ser conversado e negociado de acordo com a realidade de cada escola. Em relação a BNCC, é benéfica para o município no sentido de garantir que todos os alunos atinjam os mesmos objetivos que serão comuns aquela faixa etária/série, mas não há como estipular esses objetivos sem antes fazer um estudo a fundo de como se dará esse processo, já que mudanças como essas podem não ser bem aceitas e acabar prejudicando os envolvidos por não conseguirem se adaptar.

Parece simples dizer o que tem que fazer para os professores e eles farão em sala de aula. Assim, da noite para o dia. Só parece, mas não é. Há todo um planejamento e uma reflexão sobre como ensinar melhor as crianças e prepara-las para o ensino médio que, por sua vez, irá trabalhar conteúdos muito específicos para conseguir passar o maior número de alunos em universidades. Para isso, o trabalho tem que começar desde cedo, lá no início do ensino fundamental. Frente a esse cenário, onde o currículo é tão importante para se dar bem em exames, provas, vestibulares e na vida, a BNCC tem sua importância indiscutível, principalmente para garantir que não haja diferenças gritantes entre um aluno de escola pública e um aluno de escola particular. Até porque seria injusto um aluno que nasceu com poucas condições ser impedido de melhorar de vida por falta de oportunidade e essa oportunidade vai faltar quando ele não conseguir alcançar a nota de corte do vestibular porque este tem um nível muito avançado para os conhecimentos dele e geralmente a turma fecha com alunos oriundos da rede particular de ensino porque estes estão bem preparados e foram treinados anos para gabaritar aquela prova. Tudo isso é currículo, é preparo, é o que foi visto em sala de aula desde o começo e é isso que a BNCC procura garantir: igualdade de oportunidades.

Claro que é um projeto que tem que ser cuidadosamente aplicado para que não haja tanta euforia e insegurança por parte de alunos e educadores. Todos estes precisam estar cientes da importância desses parâmetros de qualidade e saber que todo esforço será bem recompensado quando um aluno de escola pública estudar na mesma turma de graduação que um aluno da escola particular mais cara da cidade. E isso só se dará quando todos tiverem oportunidades iguais e garantidas. Tudo depende da forma como é apresentado, como é imposto para cada um. Não adianta escrever um livro de teorias e não conseguir passá-lo para a prática.

Ainda há muito o que melhorar na educação brasileira, e o primeiro passo é apostarmos na BNCC e nos PCN, colaborarmos com a mudança na educação, começando nas nossas escolas, de aluno por aluno, professor por professor, até conseguirmos atingir o objetivo principal de todas essas especulações na educação. Cabe a nós, participarmos ativamente deste processo, sem deixar que o medo do novo possa vir a afligir as expectativas.


Referências:
Debates em Educação - ISSN 2175-6600 Maceió, Vol. 6, n. 12, Jul./Dez. 2014



quarta-feira, 6 de junho de 2018

Tremores de terra no Ceará chegam a alcançar 3,0 de magnitude na escala Richter



Mas... Você sabe porque a Terra treme? E o que tem no Ceará que faz ela tremer? É isso que vamos saber no nosso post de hoje!


Que a Terra originou-se há bilhões de anos, isso nós sabemos e também que os continentes existentes nela são sustentados pelas chamadas placas tectônicas e apesar do planeta parecer perfeito, ele tem alguns defeitos que chamamos de falhas geológicas.

Você sabe como surgiram as placas tectônicas e como a Terra se dividiu nos continentes que temos hoje?

Pois bem, os cientistas acreditam que a terra foi formada a partir de uma grande explosão de energia que aconteceu no universo, o Big Bang. Todo o sistema solar teve início após essa explosão e após isso, a Terra era como uma bola brilhante de fogo e depois foi se resfriando. 
Planeta Terra após o Big Bang

“Durante o processo de fusão dos materiais que formaram a Terra, os elementos mais densos e pesados (sobretudo o ferro e o níquel) deslocaram-se para as camadas mais profundas, enquanto os mais leves e menos densos ficaram próximos à superfície. ” (SILVA, 2013, p. 95)

No início, não havia a separação de continentes como temos hoje, então milhões de anos se passaram e as placas tectônicas começaram a se mover e dividir o único continente até então existente em várias partes. Hoje temos as 12 principais placas tectônicas, que são: Placa Eurasiática, Placa Indo-Australiana, Placa Filipina, Placa dos Cocos, Placa do Pacífico, Placa Norte-Americana, Placa Arábica, Placa de Nazca, Placa Sul-Americana, Placa Africana, Placa Antártica e Placa Caribeana. Essas placas se ainda se movimentam, deslizam e se chocam umas com as outras, gerando os tão temidos terremotos, tsunamis, maremotos, dentre outros eventos.
Formação dos continentes

Os terremotos podem acontecer devido a falhas geológicas ou pelo choque de placas tectônicas e para se medir o abalo e força dos terremotos, é utilizado uma escala conhecida como escala Richter que mede a magnitude deles, indo de 0 a 10.

Choque de placas tectônicas, originando um terremoto.

Em outubro de 2016, foi registrado um tremor de terra no Ceará, mais especificamente nos municípios  de Orós e Iguatu, no Centro-Sul do estado que chegou a medir 3,0 de magnitude na escala Richter. Uma intensidade como a desse tremor não é tão grave e não causa grandes problemas para as cidades atingidas, mas é o suficiente causar pânico para os moradores das regiões afetadas.

A maioria dos tremores são percebidos em maior intensidade em locais com falhas geológicas e também onde exista o encontro de duas placas tectônicas. Apesar de o Brasil estar situado no centro da placa sul-Americana, ainda sim, existem falhas ou desgastes de placa que ocasionam essa instabilidade e provocam uma leve movimentação gerando o tremor, mas sendo este diferente de tremores que ocorrem no Japão ou Estados Unidos.

Existem ainda, tremores que não são originados em terras brasileiras, mas podem ser sentidos em algumas cidades, como por exemplo, os tremores que acontecem na Bolívia, onde recentemente, em 2018 aconteceu um tremor que foi sentido nos estados São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio grande do Sul. 

Apesar de no Ceará haver pequenos tremores, devido a essa série de características do território brasileiro, um tremor em específico entrou para a história do estado e ficou conhecido como terremoto de Pacajus. Registrado em 20 de novembro de 1980, o tremor atingiu 5,2 de magnitude e foi considerado o maior tremor das regiões norte e nordeste, onde 488 casas foram danificadas.

Casas afetadas pelo abalo sísmico de Pacajus, em 1980.

Apesar de ser um abalo grande em comparação aos já registrados, os tremores de terra que temos aqui no Brasil, não ultrapassam médias já registradas em outros países que têm ocorrências mais requentes desses abalos.

Francisco Brandão, chefe do núcleo de sismologia da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará (CEDEC), dá uma explicação sobre o caso: “Nós estamos no centro das placas tectônicas sul-americanas. O Japão é diferente. Ele está na borda da placa, ou seja, é uma questão de localização. Na borda, o que acontece são placas se chocando. No choque, acontecem os maiores tremores. Ao passo que, no centro, as magnitudes são menores. O centro é um reflexo do que acontece na ponta, que aí são formadas as falhas geológicas no interior. Existem várias placas tectônicas na Terra. Somente no território japonês são quatro placas se chocando umas com as outras. Lá é esperado um tremor de terra jamais visto. Tanto lá como nos Estados Unidos, na área da Califórnia, acima de 9,5 na escala Richter”.

Apesar de causarem susto e pânico, agora entendemos que nossa região não favorece o acontecimento de grandes tremores de terra. Mas é sempre bom ficar ligado no que rola por aí pra não ser pego de surpresa! 


Veja esse vídeo e entenda melhor sobre o processo de formação dos terremotos:





REFERÊNCIAS